A VIZINHA DO ANDAR DE CIMA
Ela, de costas, nutre um jeito vago
De desprezo, um nem te ligo para o mundo
De não firmar os olhos em ninguém
Pensa: encarar a plebe para que? Para quem?
Elege seu caro mundinho lindo, não percebe
O quanto sempre se está indo
E se afasta do que mais quer, querendo-o:
O reconhecimento de reconhecerem-na
Como em realidade não é...
Quando vê alguém que escancara a alma de boa fé
Encara o seu mal-jeito, o despeito, sua profissão ralé
Ela vê problema em tudo e todos menos nela
Porque se acha o Maradona, o Zidane, o Pelé
No ofício que acha que nasceu para ela,
Mas não sente nos temperos da derme o que é...
Qual é? Vira de frente prima-dona, cria uma honra qualquer
Encara o aço do espelho e veja lá sua cara velha, chulé
De destilar tanta inveja, tanta intriga, tanta covardia
Administrar mal o que pensa ser pocilga
És uma bobagem, inútil, pretensiosa...
Baixa a bola aí o mal-comida...