Insônia

Insônia

21/12/09

Sentada aqui observando esta madrugada insone

Relembrando coisas que fiz o diabo para esquecer

Revejo os fantasmas que antes me atormentavam

Dançam, tentando mais uma vez me enlouquecer.

Minha cabeça pesa reclamando a noite não dormida

Quisera eu ter tido um bom sonho nesta madrugada,

Ter visto anjos, mesmo que tortos, na minha cabeceira

Velando meu sono, trazendo esperança e mais nada.

Quisera eu ter dormido sossegada nos teus braços, amado,

Repousado minha cabeça no teu peito largo e másculo,

Ouvindo o som ritmado da tua respiração, o batuque estranho

Do teu coração que aos meus ouvidos soa até engraçado.

Ou mesmo, quisera eu ter simplesmente apagado,

Dormir como se estivesse morta, sem nada sentir

Ou ver, ou ouvir, inconsciente, insensível, inabalável...

Quisera eu apenas deitar, encontrar uma posição e dormir.

Mas não, cá estou sentada vendo mais uma vez o dia

Surgir no horizonte e, engraçado, vem igual o de ontem,

E o de antes de ontem, e o de antes de ontem de ontem...

A repetição de mais um dia e mais uma noite insone.

E fico aqui a observar o dia surgir com meu café preto,

Amargo e sem graça como a vida tem sido há tempos,

Tão cítrica que me enche os olhos d’água cada vez

Que por ousadia abro a boca e mais uma vez o experimento.

Sinto o vento frio desse dia que se aproxima feito um ladrão

Chega sorrateiro para pegar a todos despreparados e sempre

Nos encontra deitados, desprotegidos, sonolentos...

Mas há dias que o espero sentada, acordada e descrente.

Patrícia Teixeira

Patricia Teixeira
Enviado por Patricia Teixeira em 26/09/2010
Código do texto: T2522026
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