Ego

Quando vejo nos olhos poesias sacras

de um tal alguém

antes mudo, face opaca

palavra perdida

perdida carta

talvez cretina,parnasiana utópica

me seja a boca amarga.

Quando "de" repente

o samba pára

e o céu transpira

e o vento cala

o calo cobre

a dor mais baixa

que o meu ego, ufano-ríspido agora esmaga.

Ah, e se Clara já não visse

o guarda, o céu e a pracinha

que graça tinha?

Mas tinha o tinto,

suave suor que nos maltrata

Drummond já foi

mas sua língua fala

e fere o fel da nobre alparca.

Ah, velho poeta

que vive agora tua juventude

talvez tu morras

talvez tu mudes

mas só talvez

és completude!

Nai Souza
Enviado por Nai Souza em 26/09/2010
Reeditado em 26/09/2010
Código do texto: T2521887
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