Ego
Quando vejo nos olhos poesias sacras
de um tal alguém
antes mudo, face opaca
palavra perdida
perdida carta
talvez cretina,parnasiana utópica
me seja a boca amarga.
Quando "de" repente
o samba pára
e o céu transpira
e o vento cala
o calo cobre
a dor mais baixa
que o meu ego, ufano-ríspido agora esmaga.
Ah, e se Clara já não visse
o guarda, o céu e a pracinha
que graça tinha?
Mas tinha o tinto,
suave suor que nos maltrata
Drummond já foi
mas sua língua fala
e fere o fel da nobre alparca.
Ah, velho poeta
que vive agora tua juventude
talvez tu morras
talvez tu mudes
mas só talvez
és completude!