REDUNDÂNCIAS
REDUNDÂNCIAS
Minha pele se molha pelo orvalho que se escorre pela noite
Não feito de água, mas de sangue
Que me flutua no peito e me estremece
Sentindo o teor da agonia dos que ainda padecem
Padecem de raiva
Padecem de frio
Padecem de amor
Perdido e ferido
São os senhores do meu destino
Deuses ou demônios
Espectros ou serafins
Que difusam minha energia
Que aceleram minha agonia
Sentimento reprimido e morto covardemente
Dei-te colo, amor e também lágrimas
Assassino, menino e moleque
Ainda insistem em querer que eu jamais peque
Moldado nas cinzas da noite
Diácono de um sacerdote trôpego
Molambo de uma noite sem fim
Carícias que me doíam
Fendas que me cortavam
A sede que não se saciava
Signo do centauro, filho de paris e irmão de “Minotauro”
Uso a mente humana para destruir
E o instinto animal para amar
A cada segundo a amo ainda mais
Se é que é possível amar tanto
Mas procuro pela lógica coexistente do amor
Desiludido fico quando descubro que sobre o amor não cabe a lógica
Vagabundo e moribundo
Leproso e imbecil
Rocha que rola sobre o mar
No teu colo senti o céu
Em teus braços o gosto doce do mel
E diante da fumaça de mais um cigarro
Um pigarro e um último adeus
Não te contei sobre os dias
Não te ensinei a andar
Talvez tenha te mostrado o sentido do verbo amar
Hoje minhas rimas são tortas
Hoje até as palavras são mortas
De todo o azul da terra só vejo a cinzenta fuligem
De todo o frescor das manhas, somente o sol que queima a minha pele ao meio dia
Dinâmica a magia
Meu amor pode até matar
Pode até ferir
Pode até sofrer
E ele me matou
Me feriu
E me fez sofrer
Mas me mostrou que ainda vale a pena viver.
Sérgio Ildefonso 21 de dezembro de 2005
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