Se mesmo assim
Não quero que meu nome
te cause por mim admiração,
espanto
estranheza...
Quero, antes, o teu repúdio...
o fel do ceticismo preso
no teu olhar de soslaio...
Não te quero ser
as cores de abril...
nem a quimera das noivas
[de maio...
nem a cor da esperança...
nem a beleza das rosas...
nem a fé dos cristãos...
Quero o gosto
do que seja cru – No mênstruo
da minha insanidade...
A ferida que sangra, o grito de
[dor
...engasgado...
Quero tudo que seja áspero
na palma da minha mão...
Quero a noite,
o frio...
a solidão...
Se mesmo assim – como sou,
no silêncio escuro da noite
tu me procurares...
e se depuseres a mim
tua companhia...
Teu colo quente... tua ternura...
Eu poderei, enfim, provar
(deveras) do gosto do amor...
e dos sortilégios de uma mulher
[companheira...
E dar-te em troca
– desmedido –
infinitamente mais...