PORRALOUCURA
chamem-me
de auto-suficiente, suicida,
esquizofrênico, velho, inútil, jovem,
puto ao ser senhor do enésimo produto
[absoluto]
pela total inutilidade do analista!
a loucura em mim
[instalada]
desiste das lentes com fundos-de-garrafa,
enxerga, sem exames, o interior
tão confuso
pertencido à mim por direito!
independente,
ao surgir mais uma entre tantas soluções do problema,
a minha inconsciência há de se curar
[sem convivência]
com quem sabe dividir a fala sem máscaras
das diferentes respostas,
indisposto
com aquele débil esdrúxulo mental
que pensa conhecer
o humano que há no ser.
e por conhecer – só – um pouco de mim,
pressinto
que a poesia cura
qualquer porraloucura!