NA PORTA, HAVIA UMA MENSAGEM

Eu vos aconselho a vós, que entrais nesta casa:

Não entreis sem estardes com os pés sujos.

Não comais ao lavar as mãos e não espereis água limpa

Porque o que vos mostro é o contrário do que esperais

e procurais

Não vos realizo os vossos sonhos

Nem vos desejo agradar.

Antes, o que vos oferto

são excrementos de minha alma [sur]real

São palavras que descem sangrando de meus dedos

De meus olhos

Letras que cuspo no ar

Restos de pensamentos desestruturados

Que escorrem pelos meus narizes

Ao assinardes o livro de visitas

Não me critiqueis

Pela sala que está suja

Pela comida que era escassa

Pelo colchão desconfortável

Ou pelo banheiro pequeno demais

Nem me recrimineis por minhas palavras

Por minhas atitudes

Por minha rabugice tão precoce

Ou por minha ignorância e meu não-querer-saber

Somente digais que me compreendeis

Embora eu nem sempre me compreenda

E muito menos a vós

Não espero palavras falsas

Nem lisonjas frívolas

Quero saber que sou compreendido

[Ou quereis compreender-me

Ou ao menos tentais]

E que realmente não me amais,

Contrariamente ao que poderíeis me dizer

Quero saber que realmente vós me tendes

Piedade, e chorais por mim,

Ou, simplesmente, me ignorais, em todos os sentidos

Senti-vos bem-vindos

Luiz Carlos Martins B Bueno Dantas de Oliveira
Enviado por Luiz Carlos Martins B Bueno Dantas de Oliveira em 24/09/2010
Reeditado em 24/11/2010
Código do texto: T2517568
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