PARALELAS
01-11-90 – quinta-feira
A praça está cheia de gente espalhada por entre as árvores,
Sentadas em bancos e no chão. Algazarram, fofocam, comentam.
As casas, em volta, são as testemunhas.
As árvores não são iguais às árvores da minha fazenda.
São árvores de praça e as da minha fazenda são árvores de campo. Livres!
Nas árvores da praça só tem pardais e rolinhas. Porque rolinhas
urbanizaram-se.
Nas árvores da minha fazenda tem outros tipos de pássaros:
Mais cantadores mais encantadores.
Nos campos da minha fazenda tem gado que muge e come capim.
Não algazarra, não fofoca, nem comenta.
O gado da cidade é essa gente tagarela.
Os currais, a sede, o paiol, a casa de máquinas e a pocilga
São as testemunhas mudas de uma vida simples, livre e pura!
A vida na cidade e no campo andará sempre lado a lado,
Como paralelas.
Não se encontram nunca!
SALLES DOS REIS