PARALELAS

01-11-90 – quinta-feira

A praça está cheia de gente espalhada por entre as árvores,

Sentadas em bancos e no chão. Algazarram, fofocam, comentam.

As casas, em volta, são as testemunhas.

As árvores não são iguais às árvores da minha fazenda.

São árvores de praça e as da minha fazenda são árvores de campo. Livres!

Nas árvores da praça só tem pardais e rolinhas. Porque rolinhas

urbanizaram-se.

Nas árvores da minha fazenda tem outros tipos de pássaros:

Mais cantadores mais encantadores.

Nos campos da minha fazenda tem gado que muge e come capim.

Não algazarra, não fofoca, nem comenta.

O gado da cidade é essa gente tagarela.

Os currais, a sede, o paiol, a casa de máquinas e a pocilga

São as testemunhas mudas de uma vida simples, livre e pura!

A vida na cidade e no campo andará sempre lado a lado,

Como paralelas.

Não se encontram nunca!

SALLES DOS REIS

Academia Betinense de Letras
Enviado por Academia Betinense de Letras em 24/09/2010
Reeditado em 06/06/2011
Código do texto: T2517511