LÂMINA VERMELHA
Da porta do meu quarto
Consigo ver formas que se formam lá fora.
Prédios retangulares,
vértices sem saída,
homens e seus relógios
Em frente ao espelho, experimento lâminas
de mim mesmo,
concordo com meus sonhos
com mulheres de fantasias
que ultrapassam a certeza dos sonhos acordados
De Martim Scorsese,
E os maus dias que Stephen Kng.
Meus sonhos são como asas em sangue fresco,
como tinta pintando meus retratos inacabados,
jogados no fundo do velho baú no segundo andar
de um casarão coberto de lodo.
As coisas por aqui são como cartas nunca recebidas,
incontáveis horas no acaso,
esperando o que nunca virá.
Coisa esquisita é esperar um amanhã
que nunca chega,
pessoas que não verei,
enquanto minha obsessão
persegue-me e minha boca não estiver pronta
para dizer o que meu coração precisa escutar.
Minha mente é mais um pretexto.
Pretexto para não aceitar o que virá.
Sangue escarlate
que me mantém desse jeito morto e sem vida.
Hoje o céu nunca foi tão azul...
Pensei em avisar as pessoas, lá fora,
sobre a beleza desse finito que nos humilha todo o tempo.
Falta-me coragem
de olhar nos seus olhos sem compromisso,
sem carregar, na alma, angústia de sentimentos
que nunca serão meus, embora os deseje com ardor,
e jamais sentirei em minha pele seu toque.
Queria que as correntes, que me sufocam,
prendessem-se a você...
Assim termina o meu dia
Com muitos sonhos para o futuro,
Com expectativas perenes de mim;
Afinal, amanhã é sempre um porvir,
Uma esperar especial do amor...
Faço planos: esperar e fazer outros planos depois,
sonhar e cessar as noite
para sonhar outra vez com você.
EDUARDO VENÂNCIO