tudo o que me vem
peito aberto
pele nova
tudo o que me vem
vem sem freio
sem arreio
chega perto
e desova
assim a seco
a frio
me pega desperto
vigilante
me prova
me põe contra o beco
horas a fio
porque não uso
não bebo no gargalo
não pico
não abuso
não inalo
de mente nua
e carne posta
tudo o que me vem
vem feroz
vem algoz
e pontua
e me encosta
contra a parede
a frio
ficamos a sós
a bailar
a tontura
de rodar
horas a fio
porque não aplico
não escondo sob a língua
não queimo
não fabrico
não tremo quando mingua
sangue puro
sol a pino meio-dia
tudo o que me vem
vem
sem anestesia.