Musa em branco e preto
Me hipnotiza esse seu viso
e com um cativante sorriso,
meu olhar o seu corpo prende,
que se esquiva como duende,
enfeitiçando de alegria
a manhã de um novo dia.
Da lama preta faço um creme,
pintada com arte a pele treme,
das ancas de suaves contornos
aos entremeios dos lábios mornos.
Seios macios de porte ereto
pedem para si um pouco de afeto,
aos poucos a tez vai ficando escura,
aqui e ali se tornando dura.
Tanta simplicidade até comove
quem dos seus encantos prove,
musa do cerrado desvendado
que o meu espírito tem incitado;
confuso fico se apenas lhe admiro
ou num rito, o seu manto negro tiro.
Brasília, 08 de maio de 2001