Acolhida
Eu sabia que virias...
E sobre cinzas refiz santuários
Sobre escombros reconstruí
Entoei cânticos, hinos
Cultos e ritos preparei em tua homenagem
Ah, para reverenciar-te obeliscos ergui
E cunhei tua imagem em meu relicário
Ah, eu sabia que virias
E serias assim, tal qual imaginei
Tão simples, tão amável
Exalando perfumes, sonhei...
Eu sabia, não me enganarias
E em tuas cercanias resguardei-me
Incansavelmente, a esperar por ti
À distância, um amor platônico
Na tua ausência senti e,
Na imaterialidade física, imenso amor, vivi
Eu sabia que virias...
Ah, como sonhei... e, acariciei, beijei
Admirei imagem surreal, sorri para ti
Ah, atravessei os rigores do inverno
Chorei os frios, senti suas dores
E não desisti...
Enxuguei meu pranto e fui feliz
Na espera que te fiz,
Eu sabia que virias...
Hoje ao contemplar teu rosto
Estampado nos campos, nos jardins
Nos descampados, em todo lugar, enfim
Sinto teu cheiro, vejo teu florido olhar
De todas as cores e as nuances todas,
Pois, sem pedires licença, chegaste
E eu sabia que virias...
Sim, virias para me fazeres feliz,
Inundares a Natureza, inundares o meu ser
Com essa vida nova que fazes acontecer,
Extasiada... então, o que faço?
Ah, eu te sinto... sinto e,
Acolho-te!
Enfim, chegaste
Linda Primavera!
Sê bem vinda, sede bela!
Valeu a espera...
Pois, eu... eu sabia que virias...