Morfose
Morfose
Sandra Ravanini
Relento agonizante ante a noite e a morfose;
e saber-me o universo entediado que ofendo
com o pontiagudo abjeto, tal homose
para os dias indormidos por onde me vendo.
Acordar-me; as insanas horas sem remédio,
madrugando no tempo de um templo ido e sem cor,
anunciar aos ecos o assombro dos assédios,
riso e sombra transtornados ante o álcool e o teor.
Frio era o abraço dos silêncios amentadores
usando o corpo; e as mãos orando ao descoberto,
e o vento dolorido e seu canto dotador
adornando o nada, volvendo o mal referto.
Acordar-me; morfose subalterna em despedida,
transtornando as madrugadas dilacerantes
conspurcando a meia voz, essa corda suicida
orquestrando às notas da ferida atrofiante.
17/01/2009