Dia esquecido

Nesse dia não apeteceu escrever.

O nada existente sem preocupação em compor algo diferente

no virar de costas,

desobrigação total desobediente

apenas fragmentadas memórias cruzadas se ligavam

e logo desapareciam separadas,

um vazio assustador de palavras desconexas

ocas,

ecoando repetidas numa rebeldia demasiadamente anárquica.

Ficou de pé olhando infinitas ideias

tentando agarrar pedaços espalhados desordenadamente

interrompidos por respiração apressada

ofegante,

esse não era um dia de exposição abrindo ferida antes sarada

escrevinhou em papel perdido

amarrotado:

“… nada sai, tudo entrou, bloqueou

num grito assustador entupindo veias corroídas

gastas,

minha mão treme com pensamentos,

sentimentos enclausurados

desculpados assim por mim,

na essência única

deste dia esquecido”.