O VELHO
O velho ali
junto da árvore
estaqueado,
esfalfado ginete
O velho ali
sorri: potros baios
abocanham o feno torcido
da barba
O velho ali
mordiscando uma broa de milho:
sustentando
o enrugado caule
O velho ouve
navegarem procelas,
e como!
O velho ali
sem ler
e sem saber
por quê.
A cara um página aberta
a boca um esgar: ri
enquanto estudantes em comício
circulam listas
socialistas.
– Do livro O SÓTÃO DO MISTÉRIO. Porto Alegre: Sul-Americana, 1992, p. 96:7.
http://www.recantodasletras.com.br/poesias/2513560