pobre de mim
na minha eterna impaciencia
vou tirando a tua roupa
com pressa
peça por peça
contra a tua terna resistencia
de mentira
se esfrega no meu corpo
suspira
me come vivo
com os olhos
me arranca pedaços da alma
com as mãos
como se desfolhasse uma flor
pétala por pétala
como se me envenenasse
lentamente
gota por gota
até que chegasse o meu fim
como se me amasse tanto
dia após dia
como se fosse
eternamente assim
pobre de mim
tão dependente
tão sem defesa
meus braços fracos
mortos de vez
já não te abraçam
enquanto os teus
em chamas
já me caçam
pela cama
outra vez