NÃO  QUERO




Não quero dividir minha dor,

não quero convivas.

Ela me basta e eu a ela.

Eu a possuo e ela me abriga.

Somos veneno e cura,

porque nascidas da mesma carne

sangrada por mão ambígua ,

a mão que afaga e fere.

E que se compraz da ferida

em dissimulada piedade.

Não quero a piedade,

não a implorei.

Que não sou mulher de pedir arrego,

de chorar as pitangas.

Nem de adiar decepções.

Que não fecho meus olhos

aos reclames que cintilam com letreiros vivos

as verdades que intuo no nascedouro.

E eu os vi brilhando na noite

das revelações irrefreáveis

no entanto, desviei o olhar, que lástima.

Fui venal, fui mortal e falível

como qualquer um.

E se meus versos são de dor,
 
a dor é minha,
 
o verso é meu

dispenso sorrisos de conveniência 

nesta morada.

A minha dor começa e termina aqui dentro,

e é recatada,
 
não se quer ao alcance de olhares curiosos,

este  olhar estranho, indefinível...

E  a  palavra negada,  rasgada

uma meia verdade dissimulada

um dar de ombros...

... quanta covardia 

cabe em um só corpo!

 




tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 22/09/2010
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