O QUE NÃO HAVIA, HOJE HÁ
[Poema feito para o IFRN/Macau e declamado em seu primeiro ano de existência]
Um simples chão batido,
Terra seca, improdutiva...
A chuva,
Que outrora caía por sobre este chão duro,
Amargo e nada fértil,
Tinha o pesar de aguar o nada...
O chão que falo,
A terra que canto
O canto mais deprimente,
Era o chão insosso da salgada Macau:
A-ma-kao,
A-ma-goa:
Porto de ama.
Onde canta e declama
As vozes dos pássaros:
Andorinhas e pardais.
E o nadar dos peixes:
Bagres, tainha e cações.
Uma terra onde há o brio das ondas,
Ondas sonoras no mar de emoções!
Um chão que ERA - assim como falei -
Hoje já não mais terra seca e improdutiva,
Chão batido e duro,
Morreu e se enterrou na cova da própria terra!
Foi-se...!
Cercou-se hoje com muros:
Muros do saber,
Muros da educação...
Onde lá não cantam os pássaros,
Nem tampouco nadam os peixes,
Mas tão somente a voz do conhecimento
Que ecoa o seu som surfando no mar da sabedoria...
... Que morra a ignorância, que morra toda a agonia!
Hoje já não mais há um só menino catarrento,
Mal vestido e fedorento,
Andando de pé no chão,
Descalços, e com bicho-de-pé a lhe corroer os dedos...
Macau que hoje acolhe seus filhos
- no seio da ciência,
Seio da educação!
Seio da Prudência,
E da razão...
Seio da sensatez,
Da sabedoria!
Seio da arte
E da filosofia... -
Derrama seu riso de menino carente,
Derrama o seu segredo de pobre vidente!
Pois é...
Uma escola que aguou o tal chão infértil,
Faz-se rogada semente,
Donde nasce a planta e o fruto
Da magia do saber,
Um chão em que ninguém mais pisará
Pedindo esmolas para comer...
Pois é...
Não mais há o fel da ignorância
Nem a dor descontente.
Hoje há naquele chão salgado,
Já terra produtiva e perene
Um solo solitário habitado
De um saber concedido pelo IFRN...
E a chuva que hoje cai por sobre seus muros,
derrama suas lágrimas honrosas de alegria
No mais azul, inocente, denso e imenso céu
Da mais doce e contente alma da sabedoria!