Saudade envelhecida


Rasguei os versos, despi de meus reflexos
Na gravidez contínua, que cresce
ponho-me imóvel, meu olhar materializado
Na vasta placidez do orvalho
marcando a indecisão das palavras
das cenas compactadas quase esfaceladas
entre a poeira cinzenta, há sinais doutras eras

Em frente as sombras e as penumbras
sala grande e vazia, ecos de risadas!
Uma alma silenciosa, lacrimejada...
ao cair uma nódoa de saudade
alamedas extensas que o meu olhar afeiçoa
oculto-me sensações e gostos
na seqüência dos passos
em espirais oscilantes
no arranhar das paredes
entre saltos mortais
pisando as folhas secas do jamais

De penumbra em que há azulejos de lembranças
uma tristeza feita de silêncio desnivelada
crucificadas nos entrevãos das portas
nas cortinas eternizadas em rasgos
no ar de vernizes velhos
nos extensos corredores da alma

Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 21/09/2010
Código do texto: T2511562
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