__ Minha Viola __
É no mar que o rio deságua,
— Toda sua mansidão!...
Quando passa em meu sertão,
Forma u'a imensa queda-d'água...
Trazendo a linda mãe-d'água,
Co'os deuses a navegar...
Onde a chuva vem brincar,
P'ra molhar o meu cerrado...
Qu'é tão pouco arborizado,
Mas enfim, um bom lugar!
Minha viola é caipira...
Acordes soltos ao vento...
Enche o ar de sentimento,
— Debaixo da sucupira.
Dedilho ao lembrar da lira,
U'a paixão nos tempos idos...
O arpejar num som doído,
Vendo a lua em devaneio...
Improviso mais floreio,
Neste campo tão sofrido.
Passo até o raiar do dia,
Quando toco a minha viola...
P'ra tocar u'a barcarola...
Soa tanta melodia!...
O que faço com alegria,
Lá na beira do cerrado...
Isto sim, qu'é um eldorado!...
Vendo a lua co'a charmosa,
Se escondendo tão formosa,
Por detrás do penteado.
Cantava um repente em oitava,
A chorar de tanta dor!...
Quando eu via aquela flor,
Pois, só ela me escutava!
Contudo, me incentivava,
P'ra tocar a minha viola...
E fazer uma nova moda
Diferente das que sei;
Quem sabe, crio outra lei...
— P'ra sair desta gaiola.
Pacco