__ Minha Viola __

É no mar que o rio deságua,

— Toda sua mansidão!...

Quando passa em meu sertão,

Forma u'a imensa queda-d'água...

Trazendo a linda mãe-d'água,

Co'os deuses a navegar...

Onde a chuva vem brincar,

P'ra molhar o meu cerrado...

Qu'é tão pouco arborizado,

Mas enfim, um bom lugar!

Minha viola é caipira...

Acordes soltos ao vento...

Enche o ar de sentimento,

— Debaixo da sucupira.

Dedilho ao lembrar da lira,

U'a paixão nos tempos idos...

O arpejar num som doído,

Vendo a lua em devaneio...

Improviso mais floreio,

Neste campo tão sofrido.

Passo até o raiar do dia,

Quando toco a minha viola...

P'ra tocar u'a barcarola...

Soa tanta melodia!...

O que faço com alegria,

Lá na beira do cerrado...

Isto sim, qu'é um eldorado!...

Vendo a lua co'a charmosa,

Se escondendo tão formosa,

Por detrás do penteado.

Cantava um repente em oitava,

A chorar de tanta dor!...

Quando eu via aquela flor,

Pois, só ela me escutava!

Contudo, me incentivava,

P'ra tocar a minha viola...

E fazer uma nova moda

Diferente das que sei;

Quem sabe, crio outra lei...

— P'ra sair desta gaiola.

Pacco

Pacco
Enviado por Pacco em 21/09/2010
Reeditado em 24/11/2018
Código do texto: T2511227
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