Eia
Eia
Quando um manto negro cai sobre o céu e faz da noite feia
Tenho a impressão que as trevas em terra vagueia
Sinto dores no corpo como o resultado de uma peia
E o silêncio grita em meus ouvidos, a sua fala que desnorteia
Minhas mãos estão tremulas e meu corpo agora bambeia
Ajude- me quem puder, minha voz então esbraveia
De repente encontro-me sob uma luz que clareia
O céu, o mar, a terra, com um brilho que a tudo mapeia
E nuvem alguma sobre ela vadeia
Soberana majestade da noite, és tu lua cheia
E o mar ao ver-te, em alvoroço em ondas serpenteia
Como um ninho de cobras que finda na areia
Ouço uma canção composta por preces de baleia, risos de sereia
Marulhos e urros de ventos que em meus tímpanos passeia
Em uma perfeita harmonia formada por colcheia e semicolcheia
Num compasso delirante com pausas de até uma hora e meia
A noite não tarda a desbotar pois um novo dia agora anseia
A renascer mesmo que seja de forma alheia
E o sol da noite ao retirar-se ainda ateia
Um ultimo raio de luz e morre, porque a estrela incandescente não freia.