Desperto "esperto" cidadão

Desperto “esperto” cidadão

As quatro da matina desperto esta o cidadão

E carrega consigo a marmita de estação á estação

As quatro da matina á rotina parece maldição

E por esse motivo o cidadão esperto, desperto luta pelo pão

O frio corta a sua boca

E em meio à neblina mal consegue respirar

Sua voz é grave e não rouca

E nela existe um grito a se calar

Ainda assim prossegue o cidadão

Que com o absurdo já não mais se irrita

Pula, chacoalha, agita, tal qual sua marmita

Num apertado vagão de estação á estação

Aos esbarrões, empurrões e solavancos

Por um segundo ele para e repara o amontoado de gente

E ali vê pessoas indecentes, crentes, descrentes, decentes, dementes, sem dentes, doentes, dependentes, descendentes, decadentes, todos fingindo ser gente, boa e contente

E em seu intimo sabe que de nada vale saber de onde vêem

E pouco importa supor para onde vão

Pois a asfixia coletiva talvez seja o destino final desse trem

Que segue entre todas as estações, de estação a estação

Porém feito circulo vicioso as quatro da matina

Novamente estará desperto o “esperto” cidadão

Dú ras
Enviado por Dú ras em 20/09/2010
Código do texto: T2510228