Desperto "esperto" cidadão
Desperto “esperto” cidadão
As quatro da matina desperto esta o cidadão
E carrega consigo a marmita de estação á estação
As quatro da matina á rotina parece maldição
E por esse motivo o cidadão esperto, desperto luta pelo pão
O frio corta a sua boca
E em meio à neblina mal consegue respirar
Sua voz é grave e não rouca
E nela existe um grito a se calar
Ainda assim prossegue o cidadão
Que com o absurdo já não mais se irrita
Pula, chacoalha, agita, tal qual sua marmita
Num apertado vagão de estação á estação
Aos esbarrões, empurrões e solavancos
Por um segundo ele para e repara o amontoado de gente
E ali vê pessoas indecentes, crentes, descrentes, decentes, dementes, sem dentes, doentes, dependentes, descendentes, decadentes, todos fingindo ser gente, boa e contente
E em seu intimo sabe que de nada vale saber de onde vêem
E pouco importa supor para onde vão
Pois a asfixia coletiva talvez seja o destino final desse trem
Que segue entre todas as estações, de estação a estação
Porém feito circulo vicioso as quatro da matina
Novamente estará desperto o “esperto” cidadão