Estranhamentos

Vi aquelas mãos estranhas,

Vagarosamente fechando a tampa do refrigerante bebido no gargalo,

Depois,

a garrafa no chão,

a dona das mãos ajeitou-se no sofá,

As mãos foram então em direção a mesa lateral

Pegaram o maço de cigarros com o isqueiro empilhado

Vi os braços...

Não eram jovens,

Manchas do tempo o marcavam

De quem seriam aquelas mãos?

De quem seriam aqueles braços marcados?

O ventilador de teto zunia um compasso de tempo quebrado

Faltava uma nota... Ou sobrava?

Perto dali o som baixo da TV ligada só para fazer ruído,

Ruído de vida?

Vi as mãos, segui o olhar pelo antebraço, o braço,

baixei os olhos e vi o corpo estendido no sofá;

Estranho corpo...

Estranhos pés cruzados -

Onde andaram esses pés estranhos?

Onde levaram aquela mulher a conivências das pernas,

das coxas?

Que fomes sentiram aquela barriga?

As mãos tocam os seios, o pescoço...

O rosto,

Estranho rosto...

Ninguém mais ali a não ser aquele corpo!

Então... essa sou eu!!!

A dona das mãos? Dona? Se não toco quem quero!

Dona dos pés? Se não vou onde sonho!

Qual é o meu tempo - se tempo não há!

Paula
Enviado por Paula em 19/09/2010
Reeditado em 19/09/2010
Código do texto: T2508339
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