A ESPERA DA PRIMAVERA

Inverno. Ah que saudade

Tem este coração vazio

Do sol e sua tímida claridade

Nesta estação de tanto frio.

Tu és triste e cinzento

Como uma dama viúva

E transformas teu tormento

Em fria e intermitente chuva.

Cavaleiro gélido e apressado

Invades os ossos ousadamente,

E o vento de gume afiado

Corta a pele lentamente.

Ah Inverno! Via erma e tristonha,

Sempre trazes lembranças do passado.

E a Primavera, com quem toda gente sonha,

Vem com o verde florido, jardim encantado,

Libertar-nos desta sensação incontida

De fantasma vagando lá fora

Buscando a vida não esquecida

Ou um amor de outrora.

E a chuva continua fria e leve,

Fustigando as árvores ela não passa,

E a pena, na mão rígida, escreve

Versos gelados e sem graça

A espera da Primavera quente

Trazendo o sol que a todos aquece,

E as flores, abrindo-se suavemente,

Dizem adeus ao Inverno que fenece.

19/09/10.