FECHA TEUS OLHOS...

10- FECHA TEUS OLHOS E DORME, ALMA AMIGA!

Guarda nos olhos o que te mostrei.

Recolhe cada uma de minhas palavras

e guarde-as dentro deles, como se fosse um seguedo nosso.

Fecha-os brandamente, suavemente e dorme...

Buscarei pelos porões remotos, antigos,

pelos ferreiros alquímicos, os mestres ascencionados,

os eremitas e os magos, que guardam essas memórias antigas

em pensamentos cifrados, onde ressoam ritmados, anseios profundos,

que perduram e só mudaram em forma, não em conteúdo...

Não te atrapalharão o sono, os poemas que farei

porque minh'alma sabe fazer versos de armaduras silentes

e preciso do silêncio do teu sono para reunir

os elementos de resposta à pergunda tão longínqüa

de todos que vieram antes de nós

cuja grandeza não compreendo, nem sei onde está escrito...

A antiga a batalha que se trava no espírito:

- da ética circunstancial...

- da fé em seres benditos...

-do anseio imenso, que apesar de tudo, nos faz apegados a vida...

-da poesia que arrebata, antes mesmo de ser escrita...

-da inquietação...da rotina...

-do corpo gregal e a alma libertária e/ou libertina..

(a eterna luta da moral contra o avernal)...

-da paixão...

-do amor...

Nada disso é novo ou anormal,

e nem bom e nem mau

alma amiga...

A angústia da humanidade já é tão antiga,

que paira no tempo e,

febrilmente pensada, criou vida própria e renasce

em cada vida renascida.

Atrapalha o sono de sonhos divagos,

dispersando-se nas horas notívagas...

diluindo-se nas mentes dispertas, como forma

de fina tristeza nas horas mais felizes!...

Em cada célula nossa há um pouco de ancestral...

Até na saliva! E, quando não elaboramos essas coisas,

as engolimos com a comida.

De nossa lívida face, que se enrubesce pelo cansaço da lida, ou

pela emoção incontida, há ou suor ou lágrima e em cada gota

derramamos com ela um pouco de tudo que herdamos

no desenvolvimento das ancestrais vidas.

Impressos em nós, há todas as histórias da História!

Mas não pense mais nisso agora.

Fecha teus olhos e dorme, alma amiga!.

Maria Mercedes Paiva

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Maria Mercedes Paiva Paiva
Enviado por Maria Mercedes Paiva Paiva em 26/01/2005
Código do texto: T2507