Minh'alma sob chamas

Fincaram no meu aberto peito...

U’a mor ‘spada afiada, em meu leito —

Atravessava minh’alma.

Sofri na assombrosa desventura,

Co’um punhal cravado na cultura,

E uma voz dizia: “Calma!”

“Tu estás na amplidão dos ares...

E revolta os desmancha-prazeres —

Nos sorvedoiros da morte.

Cantes as luminosas músicas

Aos reis aflitos; ofertes exéquias —

Presenteies réquiem em cortes!”

Nesses mausoléus, que a dor sufoca...

Quando o tempo escurece na broca —

Programando a liberdade...

Vejo em tod’os lados... A lousa

A cobrir-me de tredos — sem pausa —

Privando a felicidade.

Se ao menos pudesse reivindicar

Os meus concertos, e centuplicar

Os meus ávidos poemas...

Contemplaria na mor plenitude,

Todos os versos, que na virtude...

Inspirei-me sob chamas.

Paulo Costa

Maio de 2009.

Pacco
Enviado por Pacco em 18/09/2010
Reeditado em 06/10/2011
Código do texto: T2505136
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