Minh'alma sob chamas
Fincaram no meu aberto peito...
U’a mor ‘spada afiada, em meu leito —
Atravessava minh’alma.
Sofri na assombrosa desventura,
Co’um punhal cravado na cultura,
E uma voz dizia: “Calma!”
“Tu estás na amplidão dos ares...
E revolta os desmancha-prazeres —
Nos sorvedoiros da morte.
Cantes as luminosas músicas
Aos reis aflitos; ofertes exéquias —
Presenteies réquiem em cortes!”
Nesses mausoléus, que a dor sufoca...
Quando o tempo escurece na broca —
Programando a liberdade...
Vejo em tod’os lados... A lousa
A cobrir-me de tredos — sem pausa —
Privando a felicidade.
Se ao menos pudesse reivindicar
Os meus concertos, e centuplicar
Os meus ávidos poemas...
Contemplaria na mor plenitude,
Todos os versos, que na virtude...
Inspirei-me sob chamas.
Paulo Costa
Maio de 2009.