DIÁRIO DE MIM
Eu mal nasci e já conheci o choro,
ao oitavo dia me passaram a faca
aos quatros anos, nenhum decoro,
andava nu e batia na lata.
Aos doze anos conheci o laboro
peguei pesado, carreguei pranchões,
aos quatorze arrumei um namoro
e aos dezoito cai em orações.
Aos vinte e dois eu fiz canções,
e aos trinta, uma linda mulher
que ficou comigo nas quatro estações,
seja lá o que Deus quiser.
Não para por aí, aos quarenta,
me fizeram uma festa marroquina
com odaliscas com cheiro de menta,
um belo sorriso e cara de menina.
Aos quarenta e cinco virei poeta,
pelo menos é o que dizem por aí,
achei no chão uma linda moeda
andei numa perna feito um sací.
Ainda com quarenta e cinco,
conheci a minha flor
lhe dediquei com afinco
uma paixão com ardor.
Hoje aos quarenta e sete anos
ainda queria pedir mais,
tem muitas coisas que sonhamos
mesmo sendo os prazeres carnais.
Quando chegar os quarenta e oito,
isso se D´us o permitir,
não adianta eu ficar afoito
é ele quem manda se eu vou existir.
(YEHORAM)