Alma inquieta

E quando penso em toda beleza

que há além da janela

tanta vida, coisas belas

das quais não vou conhecer

nem uma ínfima parte sequer

desse universo tão vasto

deveria dar-me por satisfeita

por tudo de lindo que vi

se não fosse essa pontada no peito

essa dor de coisa perdida

dor da que dói na partida

de um lugar aonde nunca fui

Ah! Esse diabo que vive na alma

esse que nunca se acalma

querendo pular a janela

Monalisa saindo da tela

voar pra longe, ir embora,

correr mundo, dar o fora

desconhecer data de volta

partir e chegar com o vento

uma súplica, um lamento

o meu desejo contido

ao mesmo tempo resignado

por saber-se impossível

pois como poder conhecer

desse imenso habitat

cada metro, polegada

cada ser, cada morada

nem somando vidas passadas

numa única pode ser

e chora minha alma inquieta

agoniza aflita por algo

não se sabe bem o que é,

dor que rói como traça

dos livros do meu viver

é como diz o Buarque

não adianta dormir

que essa é a dor que não passa.

pedra na minha vidraça

é sonho despedaçado

no paradoxo armado

por minha mente consciente

de que não se pode sofrer

desejando o não possível

como se o impossível

existisse, é bom saber!

TCarolina
Enviado por TCarolina em 16/09/2010
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