GOSTO

Euna Britto de Oliveira

www.euna.com.br

Pago um gosto,

mas não pago um desgosto.

Também não sou muito de pagar pra ver!...

Saio antes.

Quando possível, deserto...

“Viro um tango no deserto”,

como dizia Mauro Franco,

meu ex-colega de Taquigrafia.

Viro um tango no deserto,

e sumo na poeira...

Se o tango fosse na mata,

sumiria na capoeira!...

Quando vejo um lugar bonito e seco,

invento um rio para ele.

Se houver elevações,

coloco quedas d’água!...

Se for plano,

estendo um riacho com meandros,

para Leandro se banhar...

A fantasia anestesia, enfeita,

ajuda a suportar...

Tudo é quando é possível!

Da realidade, também faz parte o impossível!

Aí, eu fico impassível,

quieta,

submissa,

cumprindo todos os minutos,

fazendo-me de morta,

como as presas pequenas

sob as patas de um leão,

de uma onça malhada!...

Aí, só Deus liberta!

Entendo os túneis quilométricos do Viet-Nam

e a frase vitoriosa dos viet-kongs

nos paredões do pós-guerra:

“Nada é mais importante do que a Independência e a Liberdade!”

Calada como o silêncio,

a Paciência espera na fila das promessas...

Até que a Liberdade chegue com sua coroa de sol

e sua comitiva de festas!...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 26/09/2006
Código do texto: T250231