CALABOUÇO//DESVARIO//VERLAINE

CALABOUÇO

Mora em mim o absoluto
Sentimento mais antigo
Num compasso irresoluto.
O que penso
O que sinto
O que digo
E o que faço
É algum pecado a me pedir castigo
Ou uma virtude a me pedir um abraço.

Há uma esperança
De criança
E adulto
De que destino à vida me insulto
Àquilo que não sei porque não sou
E me confundo e perco-me no vulto
Que a minha alma invadiu e me ocultou.

Feliz ou infeliz, com ou sem loucura
Faço da vida ventura ou aventura
Certo ou incerto sigo o meu destino
No meu calabouço
Onde a mim mesmo ouço
A vida e a voz do homem e do menino


(Hermílio)



DESVARIO


À sombra da ilusão tivesse amado
A quem tivera a mim por esquecido
No corredor do tempo o umbral vencido
E ao coração deserto haver chegado.

Tão triste o coração haver pulsado
Co’ este punhal magoado o ser ferido
Ecoando a dor latente, e preterido
O corpo e alma rasgando o passado.

Tal como o vento bravo no arvoredo
Em folhas verdes, n’água soluçante
Por sobre as pedras no leito do rio

Rasgo o meu ser, como rasgou Manfredo,
E o jovem Wherther por Charlotte amante
E Goethe levou Byron ao desvario.

(Hermilio)



VERLAINE

Eu sou o homem natural
Que sou
No pensamento de Rousseau.
De Baudelaire quero as flores
Não o mal.
Quero um mundo sem as dores
De um Schopenhauer.
Quero a felicidade
O amor
De um Rimbaud
Sem o determinismo insólito
De um Hipólito
De um Hippolyte Taine
Pois que poeta sou,
Como Verlaine.

(Hermílio).



LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 16/09/2010
Reeditado em 21/09/2010
Código do texto: T2501993
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