DESAFETO
Eu estou sem tema, sem lema,
aturdido pelas atitudes do homem
que arquiteta um esquema
que minhas entranhas se consomem.
Quer tire a minha paz
quer odeie a minha justiça
pois para tal tanto faz
que lhe provoco a preguiça.
De coração façanhoso
não conhece o sentido do amor
nem o respeito, qual rancoroso,
na sua boca o dissabor.
Vem na noite como um fantasma
quer me roubar o meu sono
para que eu caia como a folha no outono
irritante ectoplasma.
Meu sólido intento equilíbrio,
repousar na noite serena,
respirar o ar da aurora
ao despertar-me nesta pele morena.
Não é bom o meu tom de voz
quero amansá-la por meus pais
fitar fundo o meu algoz
para não me arrepender jamais.
Ouço o barulho do vento
sonho com uma adequada chuva
o farfalhar do meu pensamento
me serve bem como uma luva.
Árvores cobrem a minha dor
com as suas sombras refrescantes
usufruo do seu delicoso frescor
tal qual nos braços das minhas amantes.
Agora do desafeto não me lembro mais
que D´us o leve para o seu caminho
me sinto como em águas termais
quando recebo o teu carinho.
(YEHORAM)