"O olho que vê..."
Esse poema é em homenagem a um " bebezão" com câncer que eu presenciei numa comunidade pobre chamada Bananeira, uma vivência que não poderei esquecer, uma criança com câncer, uma personificação muito singular de esperança...Espero que gostem...
O que faz o homem quando se depara com um milagre?
O inimigo mais fúnebre da razão pura?
Pois o pensador pensa que tudo sabe;
E se desvencilha das formas de razões profundas.
Dia ensolarado,vista cálida;
Cabeça pesada;
Barracos ao relento;
Crianças brincando.
Pés ao chão, sem a noção;
De que são encurraladas;
Vivem assim;
Numa estrada sem fim;
De cachorros rosnando.
Vida injusta...Deus!
Será que isso tudo tá certo??
Ser fadado a um jogo...
Que tudo perde e nada ganha??
Páro no tempo e vejo um oásis no deserto..
Que pelos poros de seu forte corpo;
E pela verdade de seu único olho;
É que a esperança idílica se emana.
Jogada numa realidade social e acadêmica;
Palavras me são ditas a todo momento;
Porém aquele olho me diz muito mais de verdades endêmicas;
E da resiliência de um bebê que foi estilhaçado como detento.
Tiraram um de seus olhos, arrancaram-lhe os cabelos;
Mas seu forte corpo não denuncia;
A quimioterapia;
Sinto-me lisonjeada quando aperto seus dedos;
Pois a comunidade parecia se iluminar;
No momento em que ela sorria.
Quão bom é a ciência, a filosofia, com suas formas de saber;
Formas racionais nas quais a verdade se desnuda;
Mas o forte bebê, em meio a pés de Bananeira parece ver;
O brotamento mais puro das formas de razões profundas.