Ode a nada
Não há nada que nada seja.
Nem sequer o nada que se deseja
Quando à mesa nada pedimos
E sem que se nos peça
Também nada servimos.
E nada há em mais ninguém
Estranho alguém ou gente nossa
Que a alguém nenhum
Por mais que o queira
Lhe chegue um dia
Em que amar não possa.
Há amor em tudo.
E há amor no nada.
Não fosse o amor
Verso único
Em todo universo
Que embora só
Só a dois se vive
Ou a mais que dois
E mais ninguém.
É que depois do amor
Depois do amor
Depois de tudo
Não resta nada.
O não amor
Disse-o ninguém
Ou nada é
Ou apenas dor.
A dor que o mundo tem
Quando não ama
Nem tudo
Nem nada.