O MEU AMO

O meu amo em fúrias

E falas de arrelias

Aportou mal-humorado ao palácio

Dos sonhos e silêncio

E num estrondo resoluto

Gritou ser amo e amante absoluto!

Trovejou fortes trovoadas

Arregaçou uma camisa

De costas corroídas de pobreza

E magreza

Trovejou às paredes de casa

E tempestuou páginas revoltadas!

Mostrou um peito desmusculado

Diluído em mágoas de álcool

E cansaços de sol

Um velho-peito-robusto

Desgastado e agastado

Em magras costelas de desgosto!

Gritou gestos abruptos

No vazio das panelas

Dos bolsos rotos

Gritou desespero às janelas

E resmungou um silêncio amuado

Um silêncio, o meu pobre amado!

Depois procurou meus mistérios

E o mansinho dos delírios

Conduziu-me a novos portos

Ressonou a nova aurora

Com ventos d’outrora

Ressonou um sonho de gemidos fartos!

Décio Bettencourt Mateus

Decio Bettencourt Mateus
Enviado por Decio Bettencourt Mateus em 15/09/2010
Código do texto: T2498766