Fez um corte na pele a alma
Sempre soube que normal não me cabia,
Que uma só palavra não me definia.
Sempre soube que dentro da pele uma alma existia,
E que por muitas vezes ela ardia.
Nas muitas vezes que estive com os lábios cerrados,
estive também com o punho e o pulso cerrados.
Chorava um choro com luto sentimentos escondidos,
um choro mudo, não se ouvia ruídos.
E gritava dentro do peito o finado,
sentimento enterrado algo que não era lembrado.
Posto sete palmos além do pecado,
gosto incerto falso de algo destilado.
Fez um corte na pele a alma,
E viu-se azul como a calma.
Despiu-se da pele e da fama,
olhou-se no espelho com drama.
Transbordou o rio sobre o céu e derramava
mas sentiu que limpava os olhos e purificava.
Caminhava ao lado da moça de vidro e encantava,
Queria poder sentir a vida e não amava.