Desabrochos

Família do mundo

Em alto e bom tom

Família de todas as famílias do mundo!

Saudações flores

Saudações sementes

Deusas das chuvas os abençoem!

Família rica

De todos os bichos e plantas

Família elemental

De todas as rochas e rios

Lar original!

Lar de todas as ceias

Mesas postas ao amor

Longos passos rumo à gratidão.

Pernas curtas

Andam sim ao longe

Já dizia a poetisa borboletreira.

Ah filhos do amanhã!

Ah caminhos inexplorados do homem!

Respirai fundo

Dominai tuas entranhas

Calma

Desleal!

Tome tentos

Atente ao tormentos

Cala

Cala tudo em ti que fala!

Cala teu sangue e teu pensamento

Silencia até o som que não é som

Torna tudo a pedra infinita que é

Olha como é bela!

Olha como é belo o objeto único que compõe tudo!

Bem

Chora!

Chora vadio!

Poeta santarrão

Chora por tudo que já caiu

Chora as folhas e frutos maduros

Chora os úberes de leite e vinho

Chora a queda de tudo grande que já viveu.

Tudo imenso que já viveu

Sobre esta e sobre todas as terras

Tudo que vive além do conceito de vida

As personalidades estelares

Do lado de fora de nossas janelas!

Chora pela inocência eterna

Eterna infância que nada impede

Chora os caules e troncos

Chora os galhos e seiva de tua determinação

Chora a música universal que cura todas as tristezas!

A cura sagrada

Cura da finalidade

Do santo objetivo determinado

A cura da força

Do foco intenso e sutil de tudo que se enleva e flutua.

E dá de comer

E dá de calçar

Arranje tua certa balança

Pese os poucos e os muitos

E não dispense os detalhes caríssimo

Ah jovem

Ah maduro prestíssimo

Não desprezes aos detalhes

Perpassantes

Trespassantes

Eles nos atravessam

E muito contam!

Contam mais que números

Os detalhes assim ordenados contam estórias

Contam tudo do sentimento sem nome

Da primavera lúdica

Do novo clown

Do novo Shakespeare

Contam das linhas que nos seguram nos eixos

Linhas imaginárias que usamos pra nos delimitar

E assim criamos limites

Somos réus juris juízes e carrascos de nós mesmos.

Prevaleça o sorriso!

Prevaleça a crença profunda

Que além da dúvida nos conforta

Prevaleça a razão destemida

Prevaleçam os instintos musicais!

Que nossos sentimentos ecoem

No imenso espaço que nos rodeia

Pelo vão infinito que nos permeia

Que nosso amor imenso alcance seu dom

Que a terra alcance sua cor além da cor

Que todas as almas encontrem a perfeição de tudo que há

A harmonia misteriosa que nutre cada pétala de nossas alegrias.

E quando a hora chegar

No cume derradeiro da luta e da dança

Que a família se reconheça!

Quando o dia chegar

Em que a fé enfim colha com fartura

Que nos lembremos de quão verdadeiramente dependemos uns dos outros.