Do Tempo, Vento!
Faz tempo, e o tempo fez
Com que, talvez, como em lápide
Se eternize aquele abraço
Como o poeta, papel lápis;
E se éramos, de fato, pérolas
Como aquelas, de cor escura
Nos desgastamos até então
Ou tempo também é loucura?
Os braços abertos ao vento
E tempo que passava a mil
Éramos mesmo a renacença
Ou tão somente instante vil?
Não dói, não fere nem machuca
Tampouco escuta a voz mais forte
Do riso, abraço, o beijo e o grito
Mito que se desfaz na morte;
E se houvesse aquela chance
De antes, de nos florescer
Havíamos de pegar estrada
Ou certamente nos perder?
E o tempo chora, como agora
Essa demora de viver
Pois nem mesmo ele – o tempo,
Há de passar sem me esquecer.