O  QUE VEM 
                      COM O VENTO



         
O vento soprou por entre as janelas
           a velha cadeira nem se moveu.
           Há sempre um gato dormindo
           ao pé do velho fogão
           há sempre um leve tremor
           entre as mãos e o coração.

           Vento frio cortou os tempos
           em pedaços e misturou
           saudades velhas
           com olhares novos
           braços erguidos em súplica
           e pés de velhas estradas.

          O limo do muro 
           guarda segredos.
           E seu acre cheiro
           voa para longe o pensamento.

           Há sempre uma mesa tosca
           naquela casa fuigidia
           estrada de chão batido
           e um estranho pão
           que não se acaba. 
          
           Nos  campos de dentro
           cavalgam rumores
           toca o sino do meio dia
           o sino do fim da tarde
           assobios,
           ô de casa,
           vem cá menina!

           Há sempre uma mão
           que ampara
           e trança meus cabelos.

           Há sempre esse ruído 
           na vidraça
           das minhas noites

           o silêncio dos ventos 
           da madrugada
           rompendo as carnes
           fechando a garganta
           e chovendo dos olhos
           as minhas lágrimas...
         


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Ventos que sopram e se enroscam... poesia em dobro....  ventos do  Paraná com
 Iratiense Joel e sua inspirada interação...
 
Ventos que volteiam mundos...
Levam e trazem recados.
Em dias cinzentos fazem flanar
a ave de rapina que sonha um banquete
de nosso coração.
Dias azuis!...
Flanam as revoadas de nossos amores,
bailam os trigais de nossas ilusões...
Ventos!...
Rodopiam lembranças,
cantam pelas frestas as canções de nossas saudades.
E só então nos damos conta de que somos filhos do vento... 

tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 14/09/2010
Reeditado em 15/09/2010
Código do texto: T2496934
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