O QUE VEM
COM O VENTO
O vento soprou por entre as janelas
a velha cadeira nem se moveu.
Há sempre um gato dormindo
ao pé do velho fogão
há sempre um leve tremor
entre as mãos e o coração.
Vento frio cortou os tempos
em pedaços e misturou
saudades velhas
com olhares novos
braços erguidos em súplica
e pés de velhas estradas.
O limo do muro
guarda segredos.
E seu acre cheiro
voa para longe o pensamento.
Há sempre uma mesa tosca
naquela casa fuigidia
estrada de chão batido
e um estranho pão
que não se acaba.
Nos campos de dentro
cavalgam rumores
toca o sino do meio dia
o sino do fim da tarde
assobios,
ô de casa,
vem cá menina!
Há sempre uma mão
que ampara
e trança meus cabelos.
Há sempre esse ruído
na vidraça
das minhas noites
o silêncio dos ventos
da madrugada
rompendo as carnes
fechando a garganta
e chovendo dos olhos
as minhas lágrimas...
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Ventos que sopram e se enroscam... poesia em dobro.... ventos do Paraná com
Iratiense Joel e sua inspirada interação...
Ventos que volteiam mundos...
Levam e trazem recados.
Em dias cinzentos fazem flanar
a ave de rapina que sonha um banquete
de nosso coração.
Dias azuis!...
Flanam as revoadas de nossos amores,
bailam os trigais de nossas ilusões...
Ventos!...
Rodopiam lembranças,
cantam pelas frestas as canções de nossas saudades.
E só então nos damos conta de que somos filhos do vento...