ESPINHO
Aos que se dizem meus grandes amigos,
eu não sou sempre um arrimo, um abrigo,
amargo surtos e máculas tantas,
dentro de mim não levita aura santa.
Esses parceiros me querem bem forte,
indo inocente, tal gado pra corte,
sempre sorrindo, arejando bondade,
pisando a dor que por dentro me invade.
Eu sou falível e sangro mazelas,
sofro o horror da brutal solidão,
a tal megera desdoura-me as telas
que crio em horas de terna emoção.
Eu peno, amigo, em ardências tamanhas!
O espinho agudo me fura as entranhas.