ESPINHO

Aos que se dizem meus grandes amigos,

eu não sou sempre um arrimo, um abrigo,

amargo surtos e máculas tantas,

dentro de mim não levita aura santa.

Esses parceiros me querem bem forte,

indo inocente, tal gado pra corte,

sempre sorrindo, arejando bondade,

pisando a dor que por dentro me invade.

Eu sou falível e sangro mazelas,

sofro o horror da brutal solidão,

a tal megera desdoura-me as telas

que crio em horas de terna emoção.

Eu peno, amigo, em ardências tamanhas!

O espinho agudo me fura as entranhas.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 14/09/2010
Reeditado em 14/06/2011
Código do texto: T2496800
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