Sacro Ofício

Sacro Ofício

De tanto voar, tornei-me vento

De tanto caminhar, tornei-me chão

De olhar, um pouco de tudo

e de pensar, solidão

Mas isso não é tudo!

De tanto provocar, tornei-me medo

De tanto sonhar, ficção

De tanto rir, fiz-me sol

e de chorar, ribeirão

De tanto sofrer, tornei-me lágrima

e de gritar, rouquidão

De tanto amar, tornei-me imenso

E de esperar, mansidão

De tanto colocar tudo em meus poemas

e de colocar poesia em tudo

trouxe imundície a meus versos

mas trouxe beleza ao mundo.

(Djalma Silveira)