Memória do futuro
Atravessa montes distantes
Que recortam o sol poente.
Agita o verde das ervas
Baila com as folhas escassas
Do velho embondeiro
E chega a mim
Vento sibilante
Qual cantiga de outrora
Transportada à nova aurora.
Traz recordações
De sussurros obscenos
Murmúrios da pura inocência
De anos vividos
Lascívia juvenil.
Luxúria que bate no rosto
Sacode o meu corpo
E abre-me o peito pueril.
Aroma passado
Anseio presente.
Devolve o meu abraço
E envolve o meu passado
Tempo
Espaço
Memória errante
Que arrasto
Desafiante
De costas ao ocaso
Para lá de montes distantes.
Do outro lado
Encaro o que busco
No raiar do sol levante.