A minha aurora.
Este louco que não tem,
peso nem medida.
Que não quer saber de nada.
Nem das escrituras nem dos sagrados livros.
Que quer apenas o olhar tranquilo.
De uma vaca,de um camêlo ou de um cavalo.
Vaga feito um peão, um planeta ou deidade.
Na cacunda de mentiras repetidas.
Bóia fria nesta imensidade de desejos.
Sem ter ao menos a migalha.
Olha de dia o sol de noite a lua.
Faminto das sementes que plantou.
No ingente campo da incredulidade.
Todos os dias, se acorda, vai pra frente.
No encontro de uma falsa eternidade.
Yogui urbano na caverna escura
Que se tornou a humanidade.
E nesta vontade indômita
Que assalta agora seus desejos.
E leva-o a representar atônito
Todas as verdades todos os ensejos.
E atravessar o tempo no retrocesso insano
De querer voltar as origens destes sentimentos.
Atravessando oceanos de torturas e lampejos.
Na procura de um ideal humano e fragil.
Pétreo e irretocavel no seu ideal profano.
Chão de folhas decompostas, feito só de dores.
Táiga distante e fria de tortos amores.
Aonde ainda sem saber voar direito.
Atira-se expondo-se as urzes.
Esta bandeira foi o meu lençol
As alvoradas foram o meu paiol
Aonde guardava os sonhos desejados.
Nas infindas madrugadas aonde procurei
Encontrando-te fragi al fugir das salas de torturas.
Ando a esmo a buscar um céu
De qualquer côr, de qualquer jeito.
Um espaço pra prender a minha lua.
E que não sejam tantas, só certas estrelas.
E eu possa dentro de uma paz insana.
Redesenhar a minha aurora.
29.06.08 Brasilia.