VITRAL
Nina, princesa encantada
de asas cotadas:
dois metros e dez.
Assim essa pluma agüenta,
ao menos tenta,
da cabeça a seus pés.
voando por vários meses
sem pousar no chão
sem tocar um dedo
sem triscar-me a mão!...
Nina, princesa encantada
suspensa no ar
por um balão de hélio.
Imergida no fluido natural
repleto de nitrogênio
a pontecializar o empuxo
por sua leveza normal,
pela firmeza da nata:
da tensão superficial.
Nina, pra mim será pesada,
pra mim será feia e cruel
se em outros braços repousa...
Tanto me fez paixão,
tanto me fez vir a ser...
ah... como ousa?
Como ousaria?, devo dizer.
Doce futuro do pretérito.
Nina, é o que dá luz ao abrigo.
que não tem material,
que vazio, que é vão e tal...
Que é pela arquitrave,
que é longarina, confete e fita.
Por onde entra o vento.
Moldura: contraventamento
em que se fixa o vitral.