VITRAL

Nina, princesa encantada

de asas cotadas:

dois metros e dez.

Assim essa pluma agüenta,

ao menos tenta,

da cabeça a seus pés.

voando por vários meses

sem pousar no chão

sem tocar um dedo

sem triscar-me a mão!...

Nina, princesa encantada

suspensa no ar

por um balão de hélio.

Imergida no fluido natural

repleto de nitrogênio

a pontecializar o empuxo

por sua leveza normal,

pela firmeza da nata:

da tensão superficial.

Nina, pra mim será pesada,

pra mim será feia e cruel

se em outros braços repousa...

Tanto me fez paixão,

tanto me fez vir a ser...

ah... como ousa?

Como ousaria?, devo dizer.

Doce futuro do pretérito.

Nina, é o que dá luz ao abrigo.

que não tem material,

que vazio, que é vão e tal...

Que é pela arquitrave,

que é longarina, confete e fita.

Por onde entra o vento.

Moldura: contraventamento

em que se fixa o vitral.

Andrié Silva
Enviado por Andrié Silva em 12/09/2010
Reeditado em 12/09/2010
Código do texto: T2493786