FRUSTRAÇÃO
A chuva no seu ritmo constante,
Num desafogo total,
Debruça-se sobre a terra.
Só, em meio á escuridão.
Perambulo pelo meu quarto,
Ora escutando a melodia triste,
Que se desprende do gotejar contínuo...
Ora vasculhando através da vidraça,
A noite fria, o céu,
Onde parece abrigar-se toda a mágoa,
Toda a tristeza do mundo.
Nem uma estrela, nem uma réstia de luz
A romper as trevas assustadoras.
O tique-taque do relógio,
No seu ritmo dolente,
Faz despertar-me amargas recordações,
De um pasado,
Que de todo não morreu...
Intensa angústia
Apossa-se de meu coração.
Como se um vulto de alguém,
Saído das trevas,
O espezinhasse cruelmente,
Até se entranhar na carne,
Vendo-a por fim, sangrar...
As lágrimas ardentes, deslizam,
Deslizam e encontram-se nos lábios
Onde depositam amargo sabor;
Sabor de coisas perdidas,
De uma felicidade,
Que não mais há de voltar...
LEINECY PEREIRA DORNELES
Fundadora e 1a. Presidente da POEBRAS-CASSINO/Rio Grande.