FRUSTRAÇÃO

A chuva no seu ritmo constante,

Num desafogo total,

Debruça-se sobre a terra.

Só, em meio á escuridão.

Perambulo pelo meu quarto,

Ora escutando a melodia triste,

Que se desprende do gotejar contínuo...

Ora vasculhando através da vidraça,

A noite fria, o céu,

Onde parece abrigar-se toda a mágoa,

Toda a tristeza do mundo.

Nem uma estrela, nem uma réstia de luz

A romper as trevas assustadoras.

O tique-taque do relógio,

No seu ritmo dolente,

Faz despertar-me amargas recordações,

De um pasado,

Que de todo não morreu...

Intensa angústia

Apossa-se de meu coração.

Como se um vulto de alguém,

Saído das trevas,

O espezinhasse cruelmente,

Até se entranhar na carne,

Vendo-a por fim, sangrar...

As lágrimas ardentes, deslizam,

Deslizam e encontram-se nos lábios

Onde depositam amargo sabor;

Sabor de coisas perdidas,

De uma felicidade,

Que não mais há de voltar...

LEINECY PEREIRA DORNELES

Fundadora e 1a. Presidente da POEBRAS-CASSINO/Rio Grande.

leinecy
Enviado por leinecy em 16/06/2005
Código do texto: T24923
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