Anda minha vida assim perdida
Em pensamentos voadores esvoaçantes
Como o cetim vermelho que te cobre
No cobre fundido do meu coração
 
Na amplidão da roda viva que castiga
Se esquiva toda a minha esperança
E de lembrança do meu jeito cativo
Ficou um jeito despedido de estação
 
Como riacho alisando pedras dóceis
Corre meu sangue ainda junto ao teu
E a brisa da tarde que se despede
Despindo teu cheiro deixa rastros de adeus
 
No pequenino espaço que ocupo
Ocupas sem culpa um espaço maior
Teimando em balançar meus alicerces
Aliciando desejos como em sonho de menino
 
Quisera eu ser colibri de vôo livre
Ou galhos que se abraçam lá no alto
E de um salto de pantera feito fera
Te agarrar no espaço com jeito felino
 
Deixar que asas de gaivota me levassem
Prá onde a liberdade não tem idade
mergulhar depois no mar do teu abraço
Derramando restos de amor no mar salgado



( dez, 1990 - do livro Presente da Arara Azul)