Tempos de silêncio
Ele fechara os olhos delicadamente
Tentando esconder o pranto caído,
Baixara a cabeça num sinal de luto
Como quem perde um ente querido
Sua alma se tornara silêncio absoluto
Fez-se vento, fez-se voraz corrente
A varrer as ruas num sopro alucinado
Fez-se orvalho nas manhãs de outono
Perdeu-se no tempo por um momento
Tivera por um segundo um sutil alento
Estancando-lhe a ferida do abandono
Sentira-se como um pássaro acanhado
Por uma tempestade de pensamento
Batera a sua porta o som da insanidade,
Num longo suspiro e num breve grito
Expulsando de si seu maior tormento
Enfim encontrara a solidão da liberdade
E para todo o sempre seria seu veredicto...
Transpôs noites dias andando sem destino
Encontrou fontes, horizontes, belos mundos
A si mesmo amava e odiava simultaneamente
Pairava sobre os abismos mais profundos
De rua e rua eterno andarilho sorridente
Mas no fundo era apenas um triste menino?!...