WALDOMIRO DE DIRCEU

(Versão livre do poema lírico de Tomás Antônio de Gonzaga: Marília de Dirceu).

(Antes foi Waldomiro)

I

De que te queixas, Waldomiro?

Do que deste a Dirceu

Mala preta da propina?

Bem cheia essa mala

Com muita grana linda

Que o Carlinhos te deu?

Políticos amam Waldomiro

O eficiente assessor

Que nunca um real perdeu.

Em torno da suposta pureza

Não rolam ternas propinas?

Não se é assessor em vão

Cobras em representação

Porcentagens pequeninas

Que fazem muita riqueza

No antro da corrupção

Políticos amam Waldomiro

O exemplar servidor

Trabalhando por Dirceu.

Já ouviste meu Waldomiro

O que está dizendo o amo teu

Usando um termo técnico?

"O brasileiro povo meu

O bom senso perdeu

Está esquizofrênico".

Até nem ama mais Waldomiro

O assessor de confiança

Que recolhia dinheiro seu.

Meu Waldomiro de Dirceu

Pode não ser verdade

Essa história de propina,

Mas o povo está vendo logo

E isso é uma verdade

Não há fumaça sem fogo.

Políticos amam Waldomiro

Eficiente, leal assessor.

Exemplo para servidor seu.

Desiste Waldomiro meu

A política não vale a pena

E aprende esta lição

Para ti não ficou nada

Nem mesmo um tostão

Só a tua conservação.

Todos amam: só Waldomiro

Assessor desempregado

Que não tem nada de seu!

(Agora é Dirceu)

II

Em torno da casta classe

Que em Brasília domina

Rola o lucro crescendo.

Como se isso não bastasse

A cultura da propina

Assentou acampamento

Até mesmo no Planalto.

O lamaçal fedorento

Atinge o nível mais alto.

Ó meu Waldomiro já viu

A alhada em que se meteu

O amo a quem você serviu,

Sim o seu amigo Dirceu?

O que falou seu Roberto.

Manchou-lhe a reputação.

O Zé pediu a demissão

Porque é quase certo

Que aprovou o "mensalão".

Jogaram no seu Zé Dirceu

Abacaxis e pepinos

Que mudaram seus destinos.

Diz-me ó Waldomiro meu,

É verdade a acusação

Que o seu Roberto lançou?

Você que com ele trabalhou,

Que seu método conheceu,

É verdade a corrupção?

Claro que não vai confessar

Pois ama muito o amo seu,

Em nada o vai prejudicar.

Meu Waldomiro de Dirceu

Larga a propina e o mensalão

E fala só a verdade

Política é podridão

Fale com sinceridade

Não cubra mais o seu ex-patrão.

O negócio do mensalão

Vai sujando muita gente

Representante da nação.

Diz o Severino contente:

"Já caiu o José Dirceu,

Outros ainda cairão".

E Waldomiro coitado,

Impotente e desolado,

Não pode salvar o amo seu!

Victor Alexandre
Enviado por Victor Alexandre em 16/06/2005
Reeditado em 18/06/2005
Código do texto: T24899
Classificação de conteúdo: seguro