O Jardim

Ao longe ouço os sons
Bem a porta do meu jardim
Por entre cores e vários tons
De azul, branco, amarelo e carmim.

Entre arbustos avisto o roseiral
Que vinga soberbo e majestoso
Para abrigar em seus botões um pardal
Que a mim oferece um canto formoso

Tem também um rouxinol cantor
Que no frio da manhã prepara
Um concerto sem igual valor
Garanto nunca ouvir melodia que mais amara

E nas moitas de orquídeas brancas e amarelas
Tremulam abelhas e pequenas borboletas
Nessa vibrante e viva aquarela
Tem também dálias, petúnias e violetas

Na sombra da fonte se refugia
Um jovem sabiá cantor
Seu canto doce me embriaga e nostalgia
Tremulando eu, vibro de tanto amor

O beija-flor faceiro e doce
Voa de pétala em pétala sem descanso
Há! Foi um anjo que aqui te trouxe
Pra encantar meu jardim, meu remanso.

No fundo do jardim tem um bambuzal
Que se dobra no mais brando vento
Serve de abrigo a todo e qualquer animal
Em sua fresca sombra, passo os dias a contento

No caminho feito de pedra ladrilhada
Tem um banco de madeira silvestre
Lá repouso quando estou cansada
Exalando o aroma dos velhos ciprestes.

Um manto branco e amarelo cobre o chão
São pequenas margaridas brejeiras
E do lado ergue-se um grande caramanchão
Para guardar entre as treliças sutis trepadeiras.

Ao entardecer desço até o riachinho
Vejo a água entre as pedras a borbulhar
Vem besouros, abelhas e passarinhos
Para na fonte sua sede saciar.

A noite vem banhar-se a lua
Tendo as estrelas como companhia
E com ciúmes da presença tua
Sem pudor dança e vibra com alegria.

Ergue-se triunfante o sol quando o dia amanhece
Mais uma vez o espetáculo se inicia
A passarinhada toda ali aparece
Pra começar a festa de real magia.


No meu jardim a primavera se demora
Fazendo devagar e manso o tempo
Tudo ali tem sabor de saudade, de outrora
E nesta quimera passo meus dias a contento.

belestevao
Enviado por belestevao em 10/09/2010
Reeditado em 18/09/2011
Código do texto: T2489718
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