Relicário.

Compor em luz teu rosto em falsa tela

Nas linhas que desenho em fino traço

Tingindo neste empenho cada espaço

Até ver tudo posto em aquarela

Cada curva singela deste engenho

Desprende do compasso sobreposto

Contorna a cada traço meu oposto

Dá forma a esta parcela que não tenho

Assim sempre verei o teu retrato

Quando o mundo estiver envelhecido

Então recordarei desejo vasto

E a solidão de ser desconhecido

E mesmo sendo rei, quem sabe um astro,

A luz do amanhecer me fez perdido.