DEVANEIOS QUE ME LEVAM
É devaneio pensar
Que na eternidade d'um beijo
No momento um feixo no alento da chama
Do inverso d'um drama
Se manifeste como dia
Tão claro em peito vivo
Rasgue em minha alma um vento
Que se cala, espalha
No tempo subterrâneo, faiscando paixão.
No passar das águas brandas
Corre um sentimento
Daquele parapeito firmamento
Tão longe silêncio águia solidão
Quão infinito da gente
Sem razão de brilhar, traduz luar...
Imenso vazio doce e aconchegante
Morada triste sem chão.
Pátria fugaz, delirante mar
Do infinito raso
Não adianta esta maneira de culpar-me
Ociosa mas poética de lhe cativar
Nobre, comum e ainda mais rara
De se atirar..
Se o sol como o mar vão retornar
Você na minha rua
Como a poesia na alma
Não deixará de passar...